Interview – Richard Stark
Tivemos a oportunidade de entrevistar o Richard Stark. Responsável por ambas as artes dos álbuns (ReVamp, lançado em 2010 e Wild Card, lançado em 2013) do ReVamp, inclusive as fotos promocionais do Wild Card. Segue abaixo algumas curiosidades não somente sobre o ReVamp, mas sobre seu trabalho como fotógrafo e designer gráfico.
Muito obrigada, Stark!
1. Para começar, quais são as suas maiores influências de design no mundo do entretenimento (música, cinema, TV, livros, etc.) e como essas influências ajudaram a melhorar seus trabalhos?
Stark: Basicamente, tudo o que já existe é uma influência. Como designer, eu continuo tentando misturar essas coisas para criar algo a partir disso. Uma coisa que eu sempre amei é a arte fotográfica do fotógrafo holandês Anton Corbijn. Algumas das maiores capas de álbum do U2 e Depeche Mode são seu trabalho.
2. Como você relaciona a ilustração e fotografia à tipografia em seus trabalhos com música?
Stark: Bem, depende do tipo de música música e da messagem que se deseja passar. O mais importante é que os sentimentos que a música e a imagem passam têm de ser os mesmos. Então, isso também permite que o designer decida que tipo de mídia utilizar a fim de passar a mensagem da forma mais clara possível.
3. Dentre todas as suas criações gráficas e fotográficas, qual delas é a mais importante para você?
Stark: Eu abri a minha própria empresa Stark Artworks no ramo de design gráfico e fotografia, em setembro de 2013. Desde então, meu trabalho favorito é uma fotografia do prefeito de Masstricht bebendo chá pela manhã e lendo o jornal em seu enorme escritório. Uma cena simples com algo épico acontecendo. Esse ensaio fotográfico foi realizado em poucos minutos e, parte dele, se tornou a imagem-chave para a Stark Artworks.
Ambos os álbuns do ReVamp com certeza foram dois dos meus projetos favoritos no estúdio NI I, em que trabalhei durante sete anos. Especialmente no segundo album, o “Wild Card”. Eles me deixaram tomar conta do projeto do início ao fim. Com certeza foi algo muito divertido!
Mas, como fotógrafo e designer, eu estou sempre à procura de algo novo. Os meus melhores trabalhos ainda estão por vir!
4. Como foi criar a arte gráfica e fotográfica dos álbuns do ReVamp e quais os maiores desafios e/ou dificuldades que eles apresentaram?
Stark: Bom, a princípio, a arte da capa era muito diferente. Uma capa para o album foi finalizada antes que o ensaio fotográfico ocorresse. Uma imagem que passava uma sensação de serenidade e abandono, além de não ter a Floor ou a própria banda nela. Essa capa não foi cativante o bastante, e percebemos que os fãs adorariam ter “sua Floor” na capa. Nós elaboramos um conceito completamente novo durante o ensaio fotográfico para o material promocional.
Ainda assim, a imagem antiga ainda pode ser vista no meio do encarte. O quarto vazio com o coração na balança. Originalmente, essa imagem deveria ser a capa.
5. Que tipo de material você pode utilizar quando você estava criando as imagens do Wild Card? Entregaram-lhe somente a idéia inicial, mostraram as músicas como forma de inspirá-lo ou deixaram tudo nas suas mãos?
Stark: Durante o processo de criação da arte, eu não ouvi nenhuma das músicas. A Floor descreveu o conceito do álbum durante o nosso ensaio fotográfico. Eu captei toda a ideia rapidamente. No entanto, o coração sangrando foi a parte mais difícil. Não foi fácil obter ou fazer um. Eu liguei para diversos matadouros procurando por um coração de porco porque eles se parecem muito com o coração humano. Mas, por alguma razão, eles não estavam dispostos a nos fornecer um e não tínhamos muito tempo sobrando por termos tido de mudar o conceito da capa. Então, eu encontrei algumas imagens de corações humanos e juntei vários pedaços destas imagens a fim de criar um coração que parecesse um pouco aberto. Para as partes que sangravam, eu usei apenas geléia de cereja e de morango que eu ainda tinha na geladeira! Você pode imaginar que isso foi divertido.
6. Sobre as imagens promocionais da Floor para o Wild Card: Você teve total liberdade de imaginação ao criar as poses ou todas elas foram indicadas pela Floor?
Stark: Até onde me lembro, nós gastamos um dia trabalhando nas fotos do album e nas fotos promocionais, além de vários figurinos. A Floor é uma profissional, então ela improvisou nas poses a maior parte do tempo. Então, para mim, como um fotógrafo, foi incrível. O que eu adorei é o fato da imagem mais espontânea que surgiu ter sido a do dedo, no CD. (Espero que não tenha sido especialmente para mim.)
7. Você já teve algum conflito criativo com alguma banda com que trabalhou por causa de algum “choque” entre o seu conceito e o conceito da música?
Stark: Eu não fiz muitas artes de album no decorrer dos anos. Mas não houve qualquer problema durante aquele período. Eu acho que sou capaz de captar a essência da ideia de cada um rapidamente. Eu acho, inclusive, que isso é crucial para esse tipo de trabalho. É tudo uma questão de prazos. Então, é melhor não disperdiçar o tempo de ninguém!
8. Como foi o primeiro contato com a Floor e o que ela tem de diferente no trabalho dela?
Stark: Conheci a Floor pela primeira vez em um corredor, quando chegava na empresa em que eu trabalhava. Ela estava conversando com um colega de trabalho e eu pensei que ela fosse uma amiga dele. Eu disse “Bom dia” e segui reto. Mais tarde, eu soube quem ela era e me lembrei que já a havia visto na TV com o After Forever. Acho que foi mais cedo, naquele dia. (Risos)
Como você sabe, o encanto dela como cantora, de forma geral, é bem enérgico e incrivelmente forte. Mas eu adoro os momentos em que ela é apenas a Floor, agindo naturalmente e sem salto alto. Talvez seja porque, nesses momentos, ela não é mais alta do que eu! (Risos)
9. Sendo o Design e a fotografia as suas paixões, quais foram as suas maiores dificuldades no início da carreira?
Stark: Acredito que, antes de mais nada, conhecer todos os softwares que ajudam a converter as suas idéias e visões em arte digital. Isso se torna uma ferramenta cuja prática tem de se tornar tão natural quando andar de bicicleta. Mas isso leva tempo, anos e, acima de tudo, experiência. E experiência traz confiança. Eu tenho de ser confiante. Por que como posso criar ou visualizar a imagem de alguém se eu não tenho certeza sobre a minha? Eu acho que é isso.
10. Olhando o seu site, é vísivel que você não trabalha exclusivamente com o mundo da música. Sobre essa vasta área, existe algum tipo de trabalho ainda não realizado, mas que você realmente almeja realizar?
Stark: Eu amo os projetos relacionados à música, mas eles surgem com menos frequência do que os relacionados ao design gráfico ou outras ensaios fotográficos. Geralmente, eu faço alguns trabalhos de retoque para fotógrafos que trabalham com música ou para revistas de Metal. Ainda assim, eu adoraria fazer mais alguns trabalhos de arte como o que fiz para o ReVamp! E o metal é uma cena musical em que, como designer, eu tenho liberdade para agir como desejo. Nessas horas, aquele meu lado negro surge. 😉
11. Com quais outras bandas que você já trabalhou e de que trabalho específico você mais se orgulha do resultado?
Stark: Já trabalhei, sim. Mas, a maioria eram artistas holandeses de fama local. Uma vez, eu criei a capa de um álbum mostrando a banda sentada em um foguete feito de ferro-velho e máquinas de lavar que decolava em um campo com uma ovelha. Esse trabalho foi algo bem diferente de uma mulher com um olhar maligno segurando em sua mão um coração recém arrancado e que ainda sangrava, não é mesmo?
12. Você é o tipo de pessoa que viaja bastante. Qual a melhor lembrança de um país desconhecido e que país você planeja visitar um dia?
Stark: O Brazil, é claro! Será que alguém aí tem um sofá em que eu possa dormir? 😉 Parece que eu tenho alguns fãs por lá! (Risos) Na minha opinião, as melhores viagens são aquelas que ocorrem fora da sua zona de conforto. Para mim, o Japão, a China e a Islândia são parte desse grupo de lugares. Você vai encontrar um novo mundo fora daqui e, de certa forma, também encontrará uma nova versão de você mesmo, porque você acaba em situações que você nunca imaginaria que fosse estar. Uma das viagens mais memoráveis foi a que fiz ao Japão. Eu viajei por lá durante um mês com um amigo. Nós viajamos por todo o país planejando as coisas a cada dia que passava. Foi a aminha primeira experiência na Ásia. O fato de você não conseguir ler os símbolos, não conseguir entender as pessoas ou não saber que tipo de comida você acabou de pedir faz disso tudo algo surreal. O contato com outras pessoas chega a outro nível pelo fato de você não poder bater um papo nessas horas, o que torna tudo mais direto em todos os aspectos.
13. Para encerrar, qual é a sua música favorita dentre todas na carreira da Floor Jansen?
Stark: A “Kill me with Silence”, do disco “ReVamp”, é uma música que chamou a minha atenção e que ficou na minha cabeça por algum tempo. Eu amo o início instrumental e o fato de eu ser apaixonado pela voz da Floor quando ela canta de forma suave. A voz dela é uma das melhores aqui, nos Países Baixos. Tenho certeza disso. O alcance da voz dela de primeira linha! Eu espero muito que nós nos encontremos por aí novamente!
Obrigado pela entrevista!
E obrigado a você, Jess, e aos fãs do ReVamp por ainda estarem interessados em mim após tanto tempo. Fico muito feliz por isso!
Saudações dos Países Baixos,
Richard Stark.
English
We had the opportunity to interview Richard Stark, the man behind the artworks used in ReVamp’s albuns (ReVamp, in 2010, and Wild Card, in 2013) and the promo album art for the “Wild Card” album. In the following part, there is some trivia about Richard’s work not only with ReVamp, but as a photographer and graphic designer.
Thank you, Richard!
1. Let’s start this interview with this question: What are your major influences on design in the entertainment business (music, cinema, television, literature, etc.) and how did they help you improve your art?
Stark: Basically everything that already exists is an influence. As a designer I keep trying mixing these things up to get something new out of it. Something I’ve always loved is the artwork photography of the Dutch photographer Anton Corbijn. Some of the greatest album covers of U2 and Depeche Mode are his work.
2. When you work with music-related art, how do you link illustration, photography, and typography and incorporate these elements into your art?
Stark: Well, it depends on the Music and what message you want to tell. The main thing is that the feeling of the artwork has to be the same as the music it has to visualize. So that also let’s you decide, as a designer, what media you’re going to use in order to make that message clear in the most effective way.
3. Among your works (photographies and artworks, for example), which one of them is the most important to you?
Stark: I started my own company Stark Artworks in graphic design and photography in september 2013. Since then my favorite work is a photograph of the mayor of Maastricht, drinking his tea in the early morning and reading the paper at his huge office room. A simpel scene with something epic going on. This photo-shoot was realized in just a couple of minutes. It became a key-image for Stark Artworks.
Both ReVamp albums were definitely two of my favorite projects at Studio NI I worked there for seven years. Especially the second album Wild Card. They let me go all the way. It was definitely a fun ride!
But as a photographer and designer I always keep looking forward. My best work is still in front of me!
4. How was the process of creating the art for ReVamp’s albums? What has been the greatest challenges you have faced to create these arts?
Stark: Well, the cover artwork looked very different at first. An album cover was finished before the photoshoot took place. An image that was more sereen and abandoned, without even Floor or the band on it. That wasn’t catchy enough, and we realized that the fans would love to have „their Floor” on that cover. We made up a complete new concept during the photo-shoot for the promo-material.
The old image can still be seen in the middle of the booklet though. The empty room with the heart on the scale. It was originally made for the cover.
5. When you were creating the art for the “Wild Card” album, what kind of material did you have available? Was there a main idea? Did they present you some of the songs so you could get some inspiration or did they let you work on your own ideas?
Stark: During the artwork process I haven’t heard the music at all. Floor described it during our photo-shoot. I had it all in mind very quickly. The bleeding heart was the hardest part though. It was not that easy to get or make one. I called up several slaughter houses for a pig heart. Because they seem to look very similar to human hearts. But it was in some way a big deal for them to give one away and there wasn’t that much time left because of the fact we had to switch the cover concept. So eventually I found some stock footage of human hearts and pasted parts of them together to create a new heart that seem to be torn open a bit. For the bleeding parts I just used cherry and strawberry jam I had left in the fridge! You can guess that this was fun.
6 – About the promo album art of Floor for “Wild Card”: did you have artistic freedom when suggesting poses? Or were they made by Floor herself?
Stark: As I remember we spend a day on the fotoshoot for the album and promo pictures. Including various outfits. Floor is a pro, so she improvised her poses mostly all the way. So for me as a photographer that was amazing. What I love is that the most spontaneous picture went up on the disc itself. The finger.(I Hope it wasn’t meant personally towards me)
7. Have you ever had a conflict of ideas with any band you worked with? If so, did it happen because of a difference in interpreting a concept?
Stark: I haven’t done that much album artwork over the years. But there weren’t any problems during those times. I think, i’m able to catch the essence of someone’s idea quite quickly. I think that’s also crucial for this job. It’s all about deadlines. So I better don’t waste anybody’s time!
8. How was your first contact with Floor? In which aspect do you think her work stands out?
Stark: The first time I met Floor was in a hallway when I arrived at work. She was talking to my college and I thought she was a friend. I said „Goodmorning” and walked just past her. Later on I heard who she was and I realized that I have seen her on TV with After Forever before. I guess it was very early that day. (laughing)
As you know her overall appeal is very energetic and amazingly strong as a singer. But I love the moments when she’s just the natural Floor and without heels. Maybe this is only because, in those moments, she’s not taller than me! (laughing)
9. Since design and photography are your greatest passions, we have a question about it: what were the greatest obstacles you had to overcome in the beginning of your career?
Stark: I guess first of all; learning all the computer programs that help to convert your idea’s and visions into digital art. It has to become a tool that’s has to be as normal as your tooth brush. But it takes time, years and most of all experience. And experience brings confidence. I have to be confident. Because how can I create or visualize someone else’s image if i’m not sure about my own? I guess.
10. By taking a look at your website, it is clear that you don’t work exclusively with the music business. Do you have any kind of project you’d like to work on?
Stark: I love the music projects but they come in less then graphic designs or various other photo-shoots. On regularly basis I do some retouch work for Music photographers and Metal Magazines though. I would love to do more album artwork like I did for Revamp! And Metal music is a scene where I can go crazy as a designer. It’s that dark side deep inside of me that comes out at these moments. 😉
11. Have you worked with other bands? If so, is there any project you are proud of?
Stark: Yes I have, but mostly local Dutch music. I once created an album cover showing a band taking off on a rocket made of junk and washing-machines in a field with sheep. That’s quite different than a evil looking woman holding a fresh torn-out bleeding heart in her hand, right?
12. You’re the kind of person who travels a lot. What is the greatest memory you have from travelling to a country you’ve never been to before? Is there any country you’d like to visit someday?
Stark: Brasil someday of course! Does somebody have a spare couch left? 😉 Seems like I have fans myself down there! (laughing) In my opinion the best travels are those out of your comfort zone. Japan, China and Iceland are for me some of those places. You’ll find a new world out there and, in a way, also a new version of yourself. Because you end up in situations you could never think of in the first place. One of the most memorable trips was Japan. I went there for a month with a friend. We travelled through the whole country planning it day by day. It was my first Asian experience. The fact that you can’t read signs, can’t understand people or not knowing what food you just ordered makes it a kind of surreal. The contact with people is on another level because of the fact that you can’t chit-chat at those moments what makes it very direct in all kinds of ways.
13. Just to finish: which song is your favorite from Floor Jansen’s career?
Stark: “Kill me with Silence” of the ReVamp debut Album is a song that caught my attention and didn’t let me go for a while. I love the instrumental beginning. And the fact that I’m a sucker for Floor’s voice when she’s singing in a gentle way. Her singing voice is one of the best here in the Netherlands, i’m sure of that. The variousity of her voice is world class! I surely hope we’ll run into each other some day!
Thank all of you for this interview!
And thank you Jess and the ReVamp fans for being still interested in me after all this time! Appreciate it a lot!
Greetings from the Netherlands,
Richard Stark.
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