Yell! Magazine: Floor Jansen

Yell! Magazine: Floor Jansen

Fonte: Yell! Magazine | Tradução: Guilherme Magalhães

Muitíssimo obrigada pela disponibilidade, Gui ♥

Durante sua estadia no Canadá para o show em Montreal, Quebec, o Yell! Magazine realizou uma entrevista em vídeo com Floor. A tradução você encontra após o vídeo 🙂

Ω

Vinho, queijo e uma ótima conversa

Olá! Aqui é a Floor do Nightwish, e você está colidindo com a YellMagazine. Curta!”

YELL: Então, o seu guarda-roupas normalmente é incrível.
FLOOR: Obrigado.

YELL: Você mesma o desenha? Como você encontra o conceito para o que vai usar?
FLOOR: Ah, eu tenho muitas idéias, mas preciso da participação criativa de um designer. Então alguns dos meus visuais foram criados por uma moça muito talentosa da Holanda (apresenta uma certa dificuldade para pronunciar “Netherlands” em inglês) e por duas na Finlândia, então eu tenho uma idéia como, “deveria ser um vestido, ou deveria ser uma roupa de couro, ou que deveria ter tal e tal cores, e tem que ter essa aparência…” Sabe, eu sempre tento achar este equilíbrio entre o feminino e o rock, o que às vezes é quase uma contradição. É uma questão de andar este equilíbrio, sabe, não usar só preto, mas é preciso surgir com um conceito e discutí-lo com pessoas que podem visualizar os fragmentos e conceitos que tenho em mente.

YELL: E quando você surge com essas imagens, elas são relacionadas ao álbum da época, à turnê da época, ou…?
FLOOR: Sim, eu tento sim, seguir estes temas.

YELL: Sim, o vídeo de Elin… Élan…
FLOOR: Élan, sim.

YELL: O vídeo de Élan tem um conceito lindo, que casa bem com o tema do álbum. Aquele foi o conceito da banda ou foi do diretor?
FLOOR: Foi uma combinação, na verdade. É muito o Tuomas, o compositor, que tem uma idéia muito clara da história, e aí vem o diretor, que vem com as idéias. Na verdade foi idéia dele ter estes atores finlandeses de idade, na Finlândia eles são muito famosos, todos sabem quem eles são por lá, foi muito especial conseguir todas estas pessoas. Todos eles quiseram colaborar, e erguer… sabe, viver a vida com muito Élan, como diz a… e há, há uma cooperação muito legal de idéias entre ele e o diretor, e aí as pessoas começam a pensar juntas. As idéias para roupas foram minhas, pois eu queria que houvesse uma diferença criativa entre a banda e as pessoas no vídeo, uma coisa meio anos 50 para combinar com o visual do local em que eu estava e coisas do tipo, e definitivamente é possível para todos dar uma contribuição criativa.

YELL: É quase como a versão anos 50 de você fosse as lembranças de uma pessoa mais velha sobre um passado maior.
FLOOR: Sim, é exatamente o que tentamos fazer com esses lugares velhos e desgastados com pessoas velhas e desgastadas, e erguer tudo e trazer de volta à vida, sim, era a idéia.

YELL: Sim, todos fomos jovens algum dia.
FLOOR: Sim (risos).

YELL: O interesse é crescente no seu sub-gênero de música, o tipo operático de vocais sobre heavy metal. Foi intimidador pra você tomar frente do Nightwish?
FLOOR: Hmm, eu nunca pensei nisso. Eu estive em bandas de metal desde que tinha dezessete anos, no tempo que o Nightwish surgiu isso era novo, mas não é mais só sobre voz operática. Quero dizer, eu uso minha voz operática por talvez um décimo do tempo em que estou cantando, então isso meio que se desenvolveu até um tipo variado de canto, o qual eu pessoalmente acho muito legal de fazer, brincar com isso, e não ficar com apenas um som, porque a música do Nightwish é muito… me desafia a usar diferentes tipos de vocais, então o que eu acho mais desafiador é, sim, cantar desse jeito. E claro que eu tenho ótimas antecessoras que geram grandes expectativas, mas todo o gênero ou sub-gênero como você chamou esteve mais estável, melhor posicionado através dos anos, mais na Europa do que aqui. Mas também está crescendo aqui, então é um ótimo sinal.

YELL: Eu amo isso, eu amo a justaposição e o contraste da feminilidade com a parte pesada, e eu amo os elementos folk também…
FLOOR: Sim, o Nightwish traz muito disso.

YELL: Para quais de suas colegas vocalistas você olha em busca de inspiração?
FLOOR: Eu sempre amei a Skin, do Skunk Anansie, eu gosto de vozes mais “rock”. Engraçado, eu não sou muito fã das coisas de ópera. Eu gosto no metal, mas só um pouco. Para mim, ela é uma vocalista muito potente, e eu sempre amei a Anneke van Giesbergen, do The Gathering e uma das fundadoras deste gênero na Holanda, e quando eu a ouvi cantar realmente foi como um daqueles momentos na vida em que você diz “Uau!” Ela tem um tipo de vocais que não é operático…

YELL: OK, o que você acha de cantoras como Angela Gossow, do Arch Enemy?
FLOOR: É, eu conheço a Alissa, ela é daqui…

YELL: Sim, nós acabamos de conversar.
FLOOR: (risos) Acho que é fantástico, lembro de, eu conheço a banda há anos, a Angela é meu oposto fisicamente, porque sou alta e ela é essa coisinha pequena e loura, e eu faço “uuuh” e ela meio que “UAAARGH” e eu sempre me perguntei: como ela faz isso? Eu nunca entendi. Eu sou meio que uma nerd vocal, eu amo as técnicas, e eu… é algo que eu não estudei, ainda, mas eu sempre fico curiosa em busca de novos desenvolvimentos dentro dos métodos vocais, e há métodos que são muito bons e descrevem muito bem o que você está fazendo, então eu comecei a tentar e encontrei como fazer. Então eu também comecei a fazer guturais no Endless Forms Most Beautiful. Eu acho muito intrigante, especialmente que tem algo sobre uma mulher fazendo isso. É claro que somos fisicamente diferentes então eu nunca conseguiria ir tão baixo quanto ela. Eu tive um dia incrivelmente doente quando o Arch Enemy estava fazendo turnê conosco na Europa, e ela pode fazer coisas incríveis, eu tenho muito respeito por isso.

YELL: Você disse que é uma nerd vocal, eu sei que você deu aulas de técnica vocal, e eu estou bem seguro de que a Angela também. Vocês trocaram dicas, ou…?
FLOOR: Não, não foi nada do tipo. Pra ser honesta, eu nem sabia que ela estava dando aulas.

YELL: Bem, ela tem um workshop no Youtube…
FLOOR: OK, incrível…!

YELL: Na frente de uma platéia, então eu imaginei…
FLOOR: OK, legal…!

YELL: Com o álbum do Nigthwish em suas mãos, você está mais confiante para seguir em frente para outro álbum?
FLOOR: Sim, com certeza. Tudo o que fazemos pela primeira vez é mais empolgante, você tem que achar sua forma de trabalhar, felizmente tudo o que fizemos juntos foi bem suave, as experiências foram assim, então… não era a primeira vez em que eu fazia um álbum, mas a primeira vez em que fazíamos um juntos, então foi… eu posso imaginar que da próxima vez será ainda mais fácil do que foi agora, mas também esse processo foi muito natural.

YELL: Vocês têm outro álbum sendo trabalhado ou…?
FLOOR: Não, não, esse álbum não tem nem um ano de que foi lançado, estivemos fazendo turnê sem pausas.

YELL: Quase um ano.
FLOOR: Hã?

YELL: Quase um ano, é.
FLOOR: Sim, sim. Sim, e agora é fevereiro, é, saiu no fim de março, então não, sem notícias de um próximo álbum ainda.

YELL: E no ano passado você fez algumas gravações para um DVD, ele já saiu ou é um lançamento a ser esperado? Eu vi a versão tour do álbum, mas há…
FLOOR: É, lá tem material ao vivo. Parcialmente, sim, então nós temos isso, e estivemos gravando material em vários shows, em vários lugares do mundo. Há Vancouvers e Méxicos ali, e fizemos nosso primeiro show em um estádio na Finlândia, e tocamos no Wimbley Arena, em Londres, que é um lugar prest… pre…

YELL: Prestigiado.
FLOOR: É um trava-línguas! É um lugar prestigiado em que se tocar. Todos são bem diferentes uns dos outros, um estádio e um lugar relativamente pequeno em Vancouver, e os loucos no México, esse tipo de local da arena, então nós temos algo especial por vir, e o único problema que temos é escolher de todas essas coisas, mas há algo especial por vir para os fãs.

YELL: Sim, é ótimo para os fãs poder dizer, “eu estava lá!,” ou “essa é minha cidade!”
FLOOR: Ou nós também poderíamos imaginar, se estivemos em um show aqui, podemos ter uma noção de como é um show na Europa ou no México, porque cada país, cada continente vem com diferentes públicos, possibilidades diferentes, nós podemos fazer uma produção maior aqui como podemos na Europa, então essas atmosferas diferentes também podem ser legais de se ver.

YELL: Você disse que o Tuomas…?
FLOOR: Tuomas, é.

YELL: Eu sei que ele é o compositor e escritor principal. É difícil para você se conectar às letras de outra pessoa?
FLOOR: Bom, foi a primeira vez que eu faria isso, quero dizer, desde o comecinho do After Forever, já que o guitarrista da época também escrevia letras, eu me lembro que na época eu achava desafiador acertar o ritmo e a “vocalidade,” porque eu ainda escrevia as melodias, mas com as letras já existentes, e tinha que fazer tudo se encaixar. Sempre foi meio que um desafio, e o Tuomas escreve as letras de tudo. Tudo o que eu tinha era um piano tocando a melodia e as letras. Então vira um quebra-cabeças, conversamos sobre e eu estava meio… não é algo a que eu esteja acostumada. Mas as coisas se movem suavemente, com facilidade, porque ele escreve realmente bem. E nós tiramos tempo para realmente treinar com a banda toda, então você pode sentir se algo funciona ou não. E assim, com tudo envolvido, até mesmo os backing vocals ocorreram muito rapidamente, foram pensados junto com o Marco e por isso ele cantou muito mais backings do que ele costumava antes, então alguns comentários foram feitos previamente de que parece que ele canta as últimas partes neste álbum, mas os fundos, as harmonias para mim são muito mais naturais por causa deste processo. Foi meio desafiador, mas se tornou algo muito fácil. Uma música bem escrita toca a si mesma.

YELL: A última pergunta pode ser meio pesada, mas… o que te mantém acordada à noite?
FLOOR: Oh, queijo e vinho tinto.

YELL: Bem, não foi nada pesado!
FLOOR: (Risos) Bem, isso me manteria fora da cama, de qualquer forma. Mas bem, num nível mais sério, algumas das coisas que estão acontecendo agora, dos refugiados na Europa, pessoas fugindo da Síria e do Afeganistão, todos aqueles países em que as coisas estão indo tão terrivelmente mal e com todo o mundo caindo em cima sem nenhuma solução adequada, coisas dando errado em países para os quais os refugiados realmente vêm e as coisas que eles fazem aos nativos que não facilitam nada. E há tanta tensão por todos os lados que… é, isso me manteria acordada.

YELL: É, suponho que como uma banda em turnê vocês têm uma perspectiva muito boa.
FLOOR: Bem, sim e não. Nós estávamos em turnê quando o ataque em Paris aconteceu, o tiroteio na casa de show em que as pessoas foram mortas durante um show. O…

AMBOS: Eagles of Death Metal.

FLOOR: É, um monte de gente, majoritariamente bandas americanas, cancelaram suas turnês e estavam com medo de vir a casas de show. É claro, ameaças por toda a Europa se espalharam como um incêndio, as pessoas ficaram com medo, o que era exatamente o que estavam esperando, e era exatamente o que não queríamos. Mas é claro que quando você sobe no palco no dia seguinte a algo do tipo é muito real, está muito na sua cara, seguranças por todo lado, cães farejadores passando pelas casas de show todos os dias, duas vezes por dia, é muito intimidador e isso deixou uma impressão em todos nós, mas também é necessário dizer que não seremos intimidados por um pequeno grupo de pessoas, porque ainda é um pequeno grupo de extremistas que aparentemente é tão mal organizado que aparentemente não conseguem fazer nada maior do que isso… eu estou feliz por isso! Então não podemos ficar loucos demais por causa disso, mas ainda assim, é sua vida cotidiana e de repente… é, espero que essas coisas fiquem mais fáceis de novo e que as pessoas encontrem um pouco mais de paz de espírito para ter mais mente aberta e não acreditar em tudo o que a mídia e os políticos estão nos dizendo, porque estão ficando mais e mais com medo por coisas tiradas de perspectiva. Então é um momento estranho na vida, mas espero para todos que as coisas melhorem.

Ω

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